Título: Grandes Homens Constroem os seus Destinos
Autor: Eriberto Henrique
Páginas: 124
Editora: Chiado
Estrelas: 5/5
Livro: Cedido pelo autor
Fernando Pessoa disse que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, e foi com essa singela verdade que o poeta seguiu trilhando seu destino no país estrangeiro. Olhando para o horizonte todas as manhãs, e agradecendo a Deus por mais um dia de vida, pedindo perdão pelas suas fraquezas, e força para superar os obstáculos que ainda iriam surgir. Porque no fundo, ele sabia que a guerra não estava só nas ruas do Haiti, estava dentro dele como está dentro de todos nós, que lutamos contra nossas mazelas dia após dia, para poder dormir tranquilamente no fim da noite. A consciência de um homem poder ser uma masmorra sombria, e se o amor não encher sua alma de luz, essa masmorra pode virar um abismo profundo de dores que permaneceram na eternidade. “Palavra presa é tumor que necrosa dentro de nós”, então quando o mundo parece virar do avesso e tudo ficar embaralhado em sua vida, olhe para dentro de você, grite, e liberte sua alma do seu próprio mal.
Esta não é a primeira obra que eu leio desse
fascinante e talentoso autor chamado Eriberto Henrique. Ao ler a sua obra
Poemas do Fim do Mundo, que também está resenhada aqui no blog, pude conhecer
os seus belíssimos poemas. Mas esta é uma obra diferente e igualmente
maravilhosa, pois além de conter poemas, o autor irá nos contar a sua trajetória
de vida desde o seu sonho de ser escritor e ilustrador, até os desafios de
realizá-los.
Sabemos que realizar um sonho não é uma
tarefa fácil e que temos muitas variáveis que estão sempre querendo nos impedir
de realizá-lo. Como a falta de apoio da família, de recursos, e o fato de que
vivemos num mundo em que as pessoas estão pensando mais em conseguir empregos
baseados na quantidade de dinheiro que elas ganharão, do que pelo amor pela
profissão. Com isso, elas acabam esquecendo de que é preciso amar o que você
faz e por mais difícil que seja realizar um sonho, precisamos ter fé e
acreditarmos em nós mesmos. Agora sem mais delongas, vamos à Resenha haha!
Desde muito jovem, Eriberto Henrique passava
vários dias pelos cantos de sua casa escrevendo poemas e criando desenhos em
seus cadernos. Dia e noite, ele sonhava com aventuras fictícias e histórias
épicas, que depois eram desenhadas em folhas de rascunhos, e utilizadas para as
suas grandes criações. E apesar das dúvidas e certezas sobre o seu futuro
dormirem juntas nas noites, ele sonhava com o dia em que veria os seus livros
nas vitrines das livrarias do centro, ou com o dia em que suas ilustrações
estampariam panfletos de eventos.
O brilho nos olhos era a sua marca registrada,
e assim, ele seguia buscando o amor de sua família e o reconhecimento dos
amigos. Mas infelizmente, não só de sonhos vive o ser humano. E aos 17 anos e
com os estudos terminados, Eriberto percebeu que a realidade começava a pesar
mais do que suas mãos inexperientes poderiam carregar. Enxergando as coisas de
uma forma diferente, o desânimo se iniciara e ele começava a ver que seus
sonhos estavam bem distantes de sua vida.
“A sua poesia nunca foi aceita por sua família. Já os seus desenhos eram vistos com uma certa admiração, mas para seus familiares, tudo aquilo de arte não passava de uma brincadeira de criança, praticada por um rapaz que já não era mais criança.”
Os dias eram cada vez mais difíceis para o
poeta, pois as oportunidades passavam longe dos seus caminhos, e o mundo
colorido e poético do qual ele ansiava, se transformara em obrigação e rotina.
Com a realidade batendo em sua porta e as palavras que o faziam perder as
esperanças, sonhar passara a ser algo fantasioso, e que no mundo de hoje,
pessoas adultas não tinham tempo para isso; elas precisavam ter
obrigações.
Com isso em mente, Eriberto guardou seus
cadernos e decidiu enfrentar o seu destino, alistar-se nas Forças Armadas, e
virar um homem, como os outros diziam. Deixando os livros de lado para seguir
regras, regimes e andar por um caminho totalmente diferente do qual sonhara.
Contudo, o poeta percebera que seguir o caminho desejado pelos pais também não
seria nada fácil.
“Ele deixou os livros de literatura e filosofia empilhados no canto do quarto, para seguir regras, regimes, e andar por caminhos que jamais seriam coloridos como os que ele cresceu a imaginar, lembrando sempre das palavras que lhe diziam: Desenhar não dá dinheiro! Escrever é uma loucura! Entre para o exército e faça carreira! E quando ele fechava os olhos podia ouvir sua mãe dizendo: -Ele vai ficar lindo de farda!”
Mesmo tendo sido dispensado por excesso de
contingente e vendo a decepção nos olhos dos pais, ele não desistia, pois ainda
lhe restava seguir o seu próprio caminho por mais absurdo que fossem as possibilidades.
Trabalhando como artesão nos períodos da manhã e aprendiz de poeta nos fins de
tarde, foi em uma oficina de jornalismo que Eriberto finalmente consegue com
que os seus desenhos e crônicas sejam publicados em um jornal comunitário do
bairro. Porém os seus sonhos ainda pareciam muito distantes do que ele
desejava.
A
notícia de que o Governo Federal criara um projeto chamado Soldado Cidadão
chega aos ouvidos do jovem poeta, e essa seria uma ótima segunda chance de
entrar no exército e finalmente dar orgulho aos seus pais. Pois o projeto
visava dar uma nova oportunidade para os reservistas ingressarem nas Forças
Armadas e através de uma parceria com Instituições de Ensino, os jovens também
teriam a chance de realizar cursos profissionalizantes em diversas áreas
administrativas e operacionais.
Eriberto orgulhosamente consegue entrar para
as Forças Armadas, no entanto, não seria nada fácil estar dentro daquele
ambiente e o poeta veria a realidade cruel de como os novatos eram tratados.
Para os guardas experientes dentro do exército, os soldados cidadãos não
passavam de recrutas em um segundo alistamento. E apesar deles passarem pelos
mesmos caminhos dos outros soldados do efetivo variável, ainda havia uma
pequena e grande diferença que eles levariam para sempre com eles, o
preconceito.
Os soldados cidadãos passam a ser motivos de
piadas contadas nos papos da guarda, taxados como os soldados que não iriam
pegar as armas, tirar guarda, nem engajar. E que esse projeto logo estaria
falido, antes mesmo de começar. Num ambiente tenso e cheio de rejeições, onde
as reflexões e ideologias do poeta eram pisadas por suas obrigações, ele ainda
sentia que precisava dar orgulho a sua mãe.
Até que, enfim, o reconhecimento chega. Pois
cumprindo suas obrigações e fazendo o que ele realmente era bom; sendo um
artista. Desenhando e escrevendo na sala de meios da companhia, fazendo
cartazes, faixas de quadros e murais utilizados nas instruções. Justamente
aquele que não queria servir as forças armadas, que queria apenas ficar em paz
com os seus livros, tinha tudo para ser um soldado do efetivo profissional, incorporando
o 4º Batalhão da Polícia do Exército e tornando-se um recruta da Companhia de
Escolta e Guarda.
“Na vida muitas vezes perdemos a essência de nossa alma, perdemos valores, ou os deixamos para trás por achar que se tornaram insignificantes; fechamos os olhos para a criança que fomos um dia, acreditando que a maturidade que nos é cobrada dia após dia, não deixa espaço para a fantasia.”
Com isso, os soldados cidadãos passaram a ser
filhos do exército brasileiro, cumprindo as mais diversas missões, firmando
cadência de formatura em formatura, para prestar continência a oficiais, e encher
de estrelas os ombros de seus comandantes. Porém quanto mais Eriberto crescia
no exército, mais ele se perdia como artista. E ao invés de evoluir, ele
regredia. Pois já não estudava, nem tão pouco escrevia. Tudo que ele queria era
estar com os amigos, buscando novas mulheres e seguir apenas sobrevivendo,
naquele universo repleto de homens com suas vaidades.
E vendo no que ele se transformara, Eriberto
decide que já era hora de trazer o poeta de volta a vida. Mas ainda faltava
cumprir o seu maior desafio e que iria mudar a usa maneira de ver o mundo; a
missão no Haiti.
“Mas tudo na vida tem o seu tempo, uma fruta não amadurece no cacho sem levar chuva e sol. Novas primaveras virão, sementes vão germinar, e as estrelas sempre estarão no céu, inclusive aquela que te faz brilhar. E por mais durão que você seja, sempre existirá em sua alma, um menino capaz de olhar as estrelas.”
Gente, que livro fascinante! Eu
particularmente amo os poemas do Eriberto, e conhecer a trajetória de vida dele
foi uma experiência emocionante e ao mesmo tempo reflexiva. O autor utiliza a
narrativa em terceira pessoa não apenas para contar a sua história como também
para dialogar com o leitor, contando os seus momentos difíceis e até mesmo
nostálgicos na criação dessa fascinante história. Fazendo o bom uso da ironia e
nos prendendo totalmente ao enredo. Com isso, o autor traz reflexões
relacionadas a nós mesmos sobre nossos sonhos e objetivos de vida. Sem falar
nos momentos de tensão e cansaço nos meses em que ele esteve no Haiti. Vale a
pena conferir!
Já tinha visto a resenha dos Poemas do Fim do Mundo e fiquei bem curiosa quanto a escrita do autor e esse livro me chama atenção por parecer uma obra autobiografia poética, gosto disso. Que bom que achou a leitura fascinante, recomendação anotada.
ResponderExcluirAbraços.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Muito bom ler esta resenha e ver a obra do autor Eriberto Hernique sendo degustada da maneira que merece.
ResponderExcluirPrazer em conhecer suas artes e tê-lo como parceiro nesta estrada.
Ahhhh me arrependi de não ter comprado esse livro <3
ResponderExcluirParece ser maravilhoso e não conheço a narrativa do autor.
Beijos
Sai da Minha Lente
Olá, tudo bem? Nossa parece ser uma biografia bem interessante. Cheia de percalços e vitórias, deve ser uma bela história para ser lida. Não conhecia, confesso, mas depois da sua resenha fiquei bem interessada. Adorei <3
ResponderExcluirBeijos,
diariasleituras.blogspot.com.br
Ainda não tive o prazer de ler os poemas do autor, mas gostei de saber que ele teve o merecido reconhecimento. Fiquei interessada pelo livro, quero acompanhar toda a trajetória do autor!
ResponderExcluirBjs
Eu amo poesias e nao conhecia o autor, então seu post já foi super válido porque já sei que vou amar as poesias dele. Deve ser muito bacana ler suas obras e depois sua história de vida, ver que apesar de tudo o seu sonho prevaleceu.
ResponderExcluirOi Jennifer
ResponderExcluirFiquei muito curiosa para ler este livro também!
Adorei a capa, o título e a sinopse
Não conheço a escrita do Eriberto ainda, mas depois da sua resenha quero conhecer também. Muito bom o post!
Dica anotada!
Bjs
Oi Jennifer, tudo bem?
ResponderExcluirParece ser um livro incrível! Não conhecia, mas estou curiosa! Tenho uma maiga que foi em missão para o Haiti. Ela ficou apenas 20 dias, mas contou cada coisa... coisas boas e coisas muito ruins, horripilante até! Acredito que este livro deve relatar experiencias fascinantes! Dica anotada e amei a resenha!
Oi, Jennifer. Eu não conhecia o autor ainda, achei legal poder conferir a sua resenha sobre esse livro, mas não me animei com a leitura. Acho que até pode ser uma boa leitura (assim como foi para você) para quem se interessar.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirConfesso que não conhecia o autor e menos ainda sua obra, também que livros de poemas não são o meu forte... Mas achei interessante ele intercalar a trajetória da carreira dele com os poemas e em forma de poemas, achei isso interessante e confesso que seria o ponto que levaria-me a lê-lo.
Beijo!
Ana.
Ola,
ResponderExcluirNão conhecia o autor,porque confesso que não sou fã de poesias, sendo assim não sei se me prenderia esse livro. Mas, achei interessante a trajetória da vida dele e de como ele conseguia juntar sua arte mesmo com suas obrigações e trilhando assim seu caminho. Desejo muito sucesso para o autor.
Beijos
Raquel Machado
Leitura Kriativa
leiturakriativa.blogspot.com
Não conhecia o livro, mas não me interessei por ele. Não curto poesia, e pra ler (auto)biografia tenho que me interessar muito pela obra da pessoa antes. Mas que bom que gostou tanto da leitura!
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirMe parece ser uma obra muito legal e mesmo não sendo grande apreciadora de poesias, gostei bastante de conhecer mais da sua experiência com essa leitura.
Beijos!
Camila de Moraes.
Olá, tudo bem Jennifer?
ResponderExcluirEu achei a sua resenha muito boa, eu não conhecia esse livro, eu até curto poesia e biografias, mas no momento não pretendo ler "Grandes Homens Constroem os Seus Destinos".
Abraço!
coitado, ter que entrar para o exército. Não conheci ao autor e muitos menos o livro, mas fiquei curiosa com a saga desse jovem poeta.
ResponderExcluirOlá Jennifer,
ResponderExcluirEu ainda não conhecia esse autor, mas também não curto poemas, então, não me surpreendo muito. Eu achei muito legal a persistência do autor em não desistir dos seus sonhos e ir atrás do que procura. Eu fiquei muito emotiva com sua história de vida também. Não deve ter sido fácil, mas ele não desistiu, inspirou!
Beijos,
http://www.umoceanodehistorias.com/
Não conheço o autor e ainda não tiver o prazer de ler seus poemas. Adoro poesia. Gosto da editora e gostei do título.
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