Título: As Mil Noites
Autora: E. K. Johnston
Páginas: 320
Editora: Intrínseca
Estrelas: 4/5
Sinopse: Clássico da literatura universal, as histórias de As mil e uma noites estão no imaginário de todos — do Oriente ao Ocidente. É impossível que alguém nunca tenha ouvido falar sobre Ali Babá e seus quarenta ladrões, ou sobre Aladim e o gênio da lâmpada. Ou sobre Sherazade, a mulher sagaz e inteligente que se casou com um homem cruel, e, por mil e uma noites, driblou a morte narrando contos de amor e ódio, medo e paixão, capazes de dobrar até mesmo um rei. Em As mil noites, a história se repete, mas com algumas diferença. Quando Lo-Melkhiin chega àquela aldeia — após ter matado trezentas noivas —, a garota sabe que o rei desejará desposar a menina mais bela: sua irmã. Desesperada para salvar a irmã da morte certa, ela faz de tudo para ser levada para o palácio em seu lugar. A corte de Lo-Melkhiin é um local perigoso e cheio de beleza: intricadas estátuas com olhos assombrados habitam os jardins e fios da mais fina seda são usados para tecer vestidos elegantes. Mas a morte está à espreita, e ela olha para tudo como se fosse a última vez. Porém, uma estranha magia parece fluir entre a garota e o rei, e noite após noite Lo-Melkhiin vai até seu quarto para ouvir suas histórias; e dia após dia, ela continua viva. Encontrando poder nas histórias que conta todas as noites, suas palavras parecem ganhar vida própria. Coisas pequenas, a princípio: um vestido de seu lar, uma visão de sua irmã. Logo, ela sonha com uma magia muito mais terrível, poderosa o suficiente para salvar um rei.
Após
ler A
Fúria e a Aurora este ano, fiquei à procura de livros que tivessem o
mesmo cenário árabe e todo aquele clima de romance, que nos conquista do começo
ao fim. Eis que a Editora Intrínseca resolve nos presentear com As Mil Noites, que além de ter uma capa lindamente atrativa,
também possui um enredo repleto de mistérios, escrito com uma fluidez
maravilhosa e que arrebatou o comeu coração.
Nesta
obra somos a apresentados ao cenário de um reino, que vive assolado por um rei
Lo – Melkhiin, que de tempos em tempos, escolhe uma noiva, somente para matá-la
no dia seguinte. A protagonista dessa história, vive em uma das aldeias deste
reinado e ama imensamente a sua irmã, que é uma jovem linda e se destaca. E é
exatamente por esse motivo, que a jovem teme que ela seja a próxima escolha do
rei, já que seu povoado será o próximo a perder uma menina.
"Quando os anciões da aldeia viram o brilho das armaduras de bronze em meio à nuvem de areia e ouviram o galopar acelerado dos cavalos sob o sol, quando o vento balançou a trança de minha irmã e soltou alguns fi os, como se também temesse perdê-la, eu já tinha um plano."
Ao ver
que o rei não tardará a chegar, a jovem coloca seu plano em ação. Enquanto
todas as garotas tentam se tornar invisíveis perante o monarca, ela se arruma
com exuberância, destacando sua beleza perante todas as garotas da aldeia. O
plano dá certo e Lo – Melkhiin acaba escolhendo-a para ser sua noiva. Sabendo o
que o destino lhe aguarda, tudo que ela espera é conseguir ao menos mais um dia
de vida, pois esta jovem é uma excelente contadora de histórias.
Chegando
no palácio, ela se maravilha com a riqueza do local, embora todo os súditos do
rei sejam tristes e submissos. Na
primeira noite na companhia do rei, a jovem começa a lhe contar histórias e
narrar com astúcia tudo que aprendeu durante sua curta vida. O rei fica muito
intrigado e acaba indo todas as noites visita-la, para ouvir um pouco mais
sobre tudo o que ela conta. Todos esses encontros, criam um laço entre a jovem
e déspota, fortalecendo corações e permitindo que ela viva.
"Somos mais fortes, mais resistentes e mais adaptados à vida. Porém, passamos por algumas dificuldades quando chegamos aqui. Os humanos eram muitos, e nós, poucos. Não os compreendíamos, nem eles a nós, e éramos temidos por isso."
Precisando
se manter viva, não só por um interesse próprio, mas também para evitar que
mais jovens sofram do mesmo destino, ela se empenha ao contar as histórias para
o rei. Mas algo muito extraordinário vem acontecendo, a jovem rainha começa a
vislumbrar sua irmã fazendo orações para ela, consagrando-a como uma deusa
menor, o que acaba fortalecendo-a e estendendo sua estadia no palácio.
Esta
leitura possui um diferencial muito grande: não sabemos o nome dos personagens
e nem das criaturas que são descritas no texto. A autora criou um cenário muito
rico em mitologia árabe, mas não fazemos ideia da nomenclatura dos elementos
que ela menciona, aliás a exceção do Lo-Melkhiin, não sabemos o nome de mais
ninguém. Embora isso possa causar um certo estranhamento, não é algo que
prejudica a leitura, pelo contrário, a narrativa da autora é tão rica, que é
impossível não se sentir cativada com o enredo que ela criou.
A
narrativa intercala entre a jovem Rainha e o rei, mas nos vislumbres dos pontos
de vista dele, recebemos explicações do porque ele ser tão cruel, matando
jovens sem nenhum remorso e praticando esse ato com uma certa frequência. O
livro nos leva a questionar o porquê de o rei ser assim e também se ao
descobrir este motivo, poderia haver uma forma de redenção. A Rainha é forte e
por vezes muito sábia, ela sempre tece e isso até mesmo cria tramas vívidas,
pois em seu transe, ela vai tecendo e visualizando vários acontecimentos da sua
vida.
"Mas essas coisas nunca foram o sufi ciente para mim. Eu ansiava por mais. Certo dia, no deserto, um caçador que havia se afastado de sua guarda cruzou meu caminho. E eu tomei. Eu tomei."
A
autora explora claramente a magia, mas também a religiosidade, o que é um ponto
forte da história. A narrativa é poética, mas flui facilmente e nos encanta.
Senti todos os temores da personagem e aprendi cada vez mais com cada
experiência relatada por ela, aliás o ponto alto do livro, é justamente essa
capacidade de nos sentirmos dentro da história, conectados com todos os personagens
e seus sentimentos, incluindo o rei, que possui uma revelação muito
interessante. Como estamos vivenciando um movimento feminista tão forte, é
impossível não falar que a obra trata claramente da resistência das mulheres,
que são lutadoras e sobreviventes.
O livro
é uma história única, muito bem adaptada do clássico conto das Mil e Uma
Noites. O final é satisfatório e só achei que foi um pouco corrido, mas nada
que prejudicasse as minhas percepções sobre a obra e o seu significado. A
recomendação fica para aqueles que gostam de livros repletos de elementos
místicos, utilizados para explicar a nossa existência no mundo, mas que também
tem uma boa dose de reflexão e encanto no decorrer das páginas. Diferente do
que eu pensava, a obra não possui batalhas épicas e nem mesmo um grande
romance. Trata-se de um livro que expõe a força da fé, do amor e a força das
palavras.
As mil e noites é um livro que me chamou atenção desde quando a intrínseca anunciou ele pela primeira vez, a história me intrigou mais que sua capa que afinal é linda, assim como seu blog!
ResponderExcluirhttp://literandototal.blogspot.com.br/2016/11/stranger-things-e-todas-as-suas-coisas.html
Vivianne, fiquei muito curiosa por este livro. Quero muito ler As mil e uma noites e pelo que senti no seu texto, esta adaptação pode ser uma introdução curiosa e interessante. Muito obrigada pela dica!
ResponderExcluirEu nunca li nada do gênero desta história acredita? Eu até estou curiosa para ler A fúria e a aurora mas não foi prioridade para mim no momento.
ResponderExcluirGostei dessa capa, não sabia que a intrínseca tinha lançado esse livro. Irei pesquisar mais sobre ele. Parabéns pela resenha.
Beijos.
Eu tenho uma certa curiosidade com esse livro mas tenho receio de não conseguir me envolver com a história, pretendo ler algum dia, só não tenho certeza de quando. Gostei da sua resenha e de saber a sua opinião sobre a obra.
ResponderExcluirOi Vivi
ResponderExcluirEu achei a capa desse livro linda, mas desisti quando descobri que a leitura não era tão fácil e que a autora explorava algo mais histórico. Ai desanimei. Quero ler a fúria e aurora, mas esse ai, perdi o interesse
Abraços
David
Oiiii minha linda, como está?
ResponderExcluirEu sou louca para ler esse livro que você nem imagina, eu o tenho na minha estante, porém é a edição clássica que raramente encontramos para compra em qualquer lugar, encontrei-o jogado em uma prateleira em um sebo, espero ler também.
Beijinhos da Morgs!
Olá!
ResponderExcluirNão sou muito fã das Mil e uma Noites, mas percebi que essa adaptação é muito boa! A capa está maravilhosa, como tudo o que a Intrínseca faz. Adorei sua resenha, parabéns.
Olá,
ResponderExcluirAinda não li nenhuma obra que tratasse sobre a mitologia árabe e fiquei bem curiosa para ver como foi feita a ambientação.
Uma pena que achou o final um pouco corrido e estou intrigada com o fato de os personagens não serem identificados. Talvez para mim isso deixe a obra um pouco confusa.
http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/
OIe!
ResponderExcluirEu ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas estou bem curiosa.
Desde que via capa que achei lindissima, eu fiquei com vontade de conferir essa trama, tem tudo para ser do jeito que eu gosto.
Bjks!
Histórias sem Fim
Oi, Vivi.
ResponderExcluirEu já tive a oportunidade de ler essa história e amei!!
Achei super curioso o fato da autora não dar nomes aos personagens. Rs!!
Concordo com você que o final foi um pouco corrido, mas tudo bem!
Agora estou na torcida para que a Intrínseca publique o próximo livro!
Beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
oie, confesso que não sou a maior fã de coisas que envolvam o místico, mas essa história me atrai desde o seu lançamento e eu tenho muita vontade de lê-la, e adorei ver que ela te agradou. Achei bem interessante isso de não sabermos o nome dos personagens, e bacana ter isso da religiosidade envolvido. eu espero sinceramente ler e gostar.
ResponderExcluirOii!!
ResponderExcluirEU não conhecia esse livro, na verdade eu vi muitas fotos e achei liiiinda essa capa! Mas não sabia muito o que esperar do enredo. Diferente a autora não especificar sobre os personagens né?? Achei isso curiosos.LI só um livro nesse estilo e me apaixonei! Com certeza darei chance a essa obra!
Biejnhos
Oi
ResponderExcluirtenho dois livros na pilha "a ler" que tratam dessa temática árabe, A Fúria e a Aurora e A Rebelde do Deserto e quando comecei a pesquisar esses dois eu vi o livro da Intrínseca e já ganhou a minha atenção e eu espero poder comprar em breve, a sua resenha me deixou bem curiosa, quero muito saber como funciona essa trama sem nome.
Talita - Viciados em Leitura
Amoooo mitologia árabe, e só o titulo já me apaixona. Ainda mais por ser adaptação de um conto tão clássico que leva o mesmo nome. Vou anotar a dica, e parabéns pela belíssima resenha.
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Nossa então compraria esse livro enganada, afinal estava esperando bastante romance como A Fúria e Aurora. Apesar desse pequeno equívoco, gosto da situação de não dar nome, nem nomear as coisas. Isso me instiga mais na leitura e me chamou bastante a atenção. Talvez eu adquira o livro! Adorei!
ResponderExcluirBeijos,
diariasleituras.blogspot.com
Olá! Me amarrei nessa premissa do livro, adoro adaptações e pela sua resenha, vi que curtiu muito esse livro, já vou aproveitar sua dica e mandar ver na leitura, mesmo que seja por ebook.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirConfesso que a história original não é uma das minhas preferidas, mas essa me chamou muito a atenção por não citar nomes nem de pessoas e nem de criaturas, uma jogada muito legal por parte da autora. Além dessa capa maravilhosa, que me chamaria a atenção imediatamente.
Beijos.