Título: Cheio de Graça – Uma Biografia
de José Henriques Maia
Autora: Clara Arreguy
Editora: Outubro Edições
Páginas: 119
Estrelas: 4/5
Livro: Cedido pela autora
O que fazer para contar a história de um homem como Seu Maia? Tecer loas, enaltecer o caráter, exemplificar a honradez? Ou, numa atitude muito dele, não levá-lo tão a sério e partir pros fatos engraçados que lhe enfeitam uma vida de luta, superação e conquistas? Partir do bom humor, sua marca registrada, para chegar ao que dava sustentação a essa superfície leve, parece um bom começo. Afinal, a leveza também foi uma das características que mais contribuíram para fazer dele o homem popular que foi.
Olá, caros
leitores!
Este é um
daqueles livros sobre o qual venho escrever com um sorriso no rosto. É o
segundo livro que leio da Clara e, como já esperava, a autora não me
decepcionou. A diferença entre esse e o outro livro que li dela, Tempo Seco, é que este é uma biografia enquanto
o outro era ficção. Sempre gostei muito de ler biografias, por isso ter a
oportunidade de conhecer a história de um homem como José Henriques Maia foi
uma ótima experiência.
José Henriques
Maia, mais conhecido como Seu Maia, foi o pai da autora. Como qualquer filha
que conhece bem o próprio pai, Clara foi capaz de perceber o tipo de enredo que
seria melhor para definir a vida dele e teve a sensibilidade de construir este
livro de maneira bem diferente das biografias tradicionais. Nele não são
relatados todos os fatos da vida de Seu Maia, mas aqueles mais marcantes,
divertidos e engraçados que ele vivenciou com os amigos e a família.
Ao longo do
livro, somos apresentados ao garoto que nasceu pobre e trabalhava desde cedo em
um bazar para ajudar os pais. Apesar das dificuldades, Maia nunca foi de
reclamar da vida e, ao longo dela, sempre fez uso do bom humor para lidar com
os problemas em qualquer situação, fosse com os pais, amigos, vizinhos,
namoradas, esposa, filhos ou netos.
“Uma vez, o América contratou um jogador chamado Civorlei. Pra quê? Papai passava o dia inteiro cantando:- Civorlei, Civorlei teu coração... Civorlaste, Civorlaste o meu também!!!”
Por ser a
história de uma vida inteira, no livro vários lugares e pessoas que fizeram
parte da história de Seu Maia foram mencionados e, apesar de entender o quanto
isso era necessário para compor a obra, a única coisa que eu não gostei muito foi
da forma como esses lugares foram citados. Em certos momentos, confesso que me
senti um pouco perdida quanto aos lugares por onde Seu Maia passou, pois foram
muitos e, talvez pelo fato de eu nunca ter ouvido falar antes daquelas cidades,
me sentia deslocada quando muitas delas eram mencionadas. Porém acredito que
uma pessoa que conheça melhor o estado de Minas Gerais não enfrentará este
problema na leitura.
Linguagem
O livro é
narrado em terceira pessoa, pelo ponto de vista da Clara. Certamente a autora
não esteve presente em alguns momentos da vida de Seu Maia, como na infância e
adolescência, por exemplo, por isso contou com a ajuda de relatos de amigos,
parentes e do próprio Maia quando era vivo para narrar estes períodos. A
linguagem da autora é envolvente e transmite uma sensação de proximidade com o
leitor, como se estivesse contando a um amigo todas as aventuras vividas por
Seu Maia. Em alguns momentos, a narradora é bastante informal e essa linguagem
leve faz com que o leitor se sinta à vontade e nem veja as páginas passarem
enquanto lê. Também não encontrei nenhum erro na revisão.
“Maia vai ao médico se queixar de uma dorzinha. O doutor pergunta em que circunstâncias o problema se manifesta.- Só quando eu grito ‘Galoooooooooo’.”
Cronologia
A narrativa
segue uma sequência parcialmente cronológica, mas sem se deixar muito presa a
isso. O próprio livro não é contado com uma narrativa linear, mas com pequenos
trechos que narram determinados acontecimentos. Esses trechos, em geral, são
curtos e possuem aproximadamente uma página ou até menos do que isso.
Humor
O humor é o
elemento principal do livro, o que justifica bastante o título da obra. Seu
Maia era um brincalhão, sempre com uma resposta bem-humorada para qualquer
situação. Em muitos momentos tive crises de riso em público enquanto lia. Fiquei
até com vontade de ter conhecido Seu Maia pessoalmente, pois o senso de humor
dele me encantou.
“- Pai, o senhor conhece o fulano?- Ah, sim, o avô dele era minha tia...”
Poesia
Seu Maia
passou grande parte da sua vida trabalhando como funcionário de um banco, mas
isso não foi impedimento para que também se dedicasse à poesia. No livro
encontramos alguns dos poemas escritos por ele, tanto por meio da narração de
Clara, quanto por fotos das folhas originais onde os poemas foram escritos. Os
temas dos poemas eram diversos: amor, política, família ou, como não poderia
faltar, apenas alguns versos bem-humorados.
Estética
O livro é
muito bonito por dentro. As folhas são feitas de um tipo de papel meio
brilhante, parecido com o papel usado em revistas, porém mais grosso. As letras
estão com uma fonte de tamanho ótimo e com um espaçamento que permite uma
leitura confortável. Além disso, o livro traz muitas fotos em preto e branco,
tanto de momentos que marcaram a vida de Seu Maia, quanto de textos escritos
por ele.
Se você
quer conhecer a vida de uma pessoa realmente adorável, indico que conheça a
história de Seu Maia. Até a próxima! :D
Obrigada, Jéssica, pela linda resenha. Um beijão pra você!
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