23/01/2020

2 [ RESENHA ] Tartarugas Até Lá Embaixo

Título: Tartarugas Até Lá Embaixo

Autor: John Green

Páginas: 268

Editora: Intrínseca

Estrelas: 5/5
Depois de seis anos, milhões de livros vendidos, dois filmes de sucesso e uma legião de fãs apaixonados ao redor do mundo, John Green, autor do inesquecível A culpa é das estrelas, lança o mais pessoal de todos os seus romances: Tartarugas até lá embaixo. A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Se você pensa que esse é mais um livro de investigação adolescente está enganado. Na verdade o fato de não ser me decepcionou um pouquinho, mas não por muito tempo. Tartarugas Até Lá Embaixo é um livro simples, mas que traz uma narrativa encantadora e realista que envolve o leitor.

"A vida é uma sequência de escolhas entre incertezas."

Aza é uma garota normal, ou quase isso. Ela está no colégio, tem uma ótima melhor amiga e está prestes a ter um interesse amoroso. O que realmente complica sua vida é seu Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) que a envolve numa interminável batalha com a própria mente,onde ela não consegue controlar seus próprios pensamentos. O mais recorrente deles é sobre seu microbioma e como ela pode contrair facilmente C.diffi, uma bactéria mortal. Mesmo presa em sua própria cabeça, nossa protagonista acaba envolvida em uma investigação com Daisy, sua melhor amiga, sobre o paradeiro do bilionário Russel Picket; o que pode render à dupla 100 mil dólares.Nessa jornada Aza  acaba buscando por um antigo amigo e filho de Russel, Davis. Ele é um garoto doce e quieto que tenta cuidar do irmão na ausência do pai. Dessa forma encontrar o pai dos garotos Picket torna-se uma missão pessoal para Aza, mas antes ela tem que lidar consigo mesma.

Como eu disse, o livro não trata-se de investigação propriamente dita. Ela dá apenas o contexto para inserir nossa protagonista A batalha que ela trava contra o TOC é o que move todo o livro. Por isso ele não é uma leitura tão leve para um domingo à tarde, mas uma obra que traz de forma real e crua o que é conviver com uma doença mental. Tendo ele mesmo o TOC, John Green soube trazer de uma forma crível o dia a dia de uma pessoa doente sem ser super dramático ou pedante.

Aza é uma personagem totalmente relacionável que tenta de todas as formas superar essa barreira, mas lutar contra seus próprios pensamentos pode ser algo complicado demais.A narrativa nos leva direto à cabeça de Aza. Ela sabe que muito do que pensa não faz sentido ou não há lógica, mas isso não impede que ela limpe excessivamente a ferida de seu dedo, por exemplo. O autor nos faz viajar pela mente da protagonista, adentrar seu espiral  interminável de pensamentos, compulsões e obessessões, de um modo que nos faz compreender o quão difícil é essa luta de estar preso em si mesmo.

"A questão da espiral é que, se a seguimos, ela nunca termina. Só vai se afunilando, infinitamente.”

Além de Aza, outros personagens que trazem vivacidade ao livro são Daisy e Davis. Daisy é a melhor amiga e o oposto de Aza. Aberta,falante e determinada ela é quem arrasta a amiga para a investigação. Ela é quem dá leveza ao livro com sua falta de filtro e fanfics que escreve sobre o romance intergaláctico de Chewbaca e Rey.  Davis é bilionário, mas seus maiores interesses são astronomia e Aza. Ele gosta de escrever secretamente em seu blog e lança diversos questionamentos filosóficos ao longo do livro que nos leva a refletir junto a ele. O mais interessante é o relacionamento que os personagens desenvolvem com a protagonista. Retrata-se como a relação pode ser complexa e conturbada, mas ainda assim o amor e a amizade são essenciais para fortalecer ambos os lados.

"Você dá poder demais aos seus pensamentos, Aza. São apenas pensamentos. Eles não são você. Você pertence a si mesma, mesmo quando seus pensamentos não pertencem"

Como sempre a escrita de John Green é muito bem feita. Apesar do desenrolar não ser elétrico, ele te mantém preso do início ao fim. Sem falar que o livro traz um tema muito importante que merece ser debatido, principalmente entre os jovens. Doenças mentais são difíceis, mas ele mostra que mesmo assim são passíveis de tratamento e você pode conseguir viver bem com elas. Além disso, ele levanta muitas questões existenciais que todos nós já passamos e as torna mais concretas e passíveis de entendimento.

"O termo maluco chega até nós sem um pingo do terror e da preocupação que dominam você. E nenhum dos dois transmite a coragem das pessoas que enfrentam esse tipo de dor"

Meu livro está todo marcado com marca-texto, pois John Green traz inúmeras passagens lindas dignas de serem lembradas para toda nossa vida. A história é muito bem construída, assim como todos seus personagens. Ele é assertivo e levanta questões importantes sobre doença mental e nossa própria existência. A narrativa passa longe de qualquer clichê adolescente, mas traz uma trama real e envolvente que com certeza vai te impactar se você der uma chance.
"Eu, pronome pessoal do singular, continua seguindo em frente, mesmo que em uma oração subordinada."

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2 comentários:

  1. Olá!
    Saudade de vc por aqui.
    Tudo bem do lado daí?
    Beijocas.



    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  2. Oi. Tudo bem?
    Ainda não li esse livro, mas sempre leio resenhas como a sua que demonstram o quanto a história é linda, tocante e que deixa muitas reflexões.
    Bjus

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