19/12/2016

12 [ RESENHA ] Uma Chance Para Recomeçar


Título: Uma Chance Para Recomeçar
Autora: Diana Scarpine
Editora: Pandorga
Páginas: 425
Estrelas: 3,5/5

Carina é uma workaholic rica e bem-sucedida cuja vida se resume ao trabalho. Afogada em estresse, ela não se importa com a solidão que habita seu coração, pois o amor nunca foi uma de suas prioridades, até que algo inusitado acontece. Repentinamente, ela se vê privada do trabalho e, desesperadamente, desejando aplacar a solidão que a consome, principalmente quando conhece Aurélio, que a trata de uma forma diferente da qual ela está acostumada. Consumido pela tragédia que vitimou sua família e deixou-lhe sequelas físicas e emocionais, Aurélio não quer nada além de se afundar cada vez mais na dor e na culpa que sente. Suas certezas começam a ficar abaladas à medida que Carina se aproxima cada vez mais dele. Quantos obstáculos são necessários vencer para recomeçar? O amor é capaz de vencer as amarras do passado e o preconceito?


Uma leitura completa e devastadoramente intensa.

Ao receber o livro da autora Diana Scarpine, não me aguentei e folheei algumas passagens só para matar a minha curiosidade, a partir daí descobri gostar desse livro por antecipação.

Carina é uma mulher super atarefada e responsável, além disso, ela é herdeira da empresa da família, logo, não para um segundo para cuidar de si mesma. Como consequência de todo o caos que resume sua vida, ela não tem a melhor aparência do mundo e o seu estresse vive no limite, por essa razão, o cotidiano da personagem dá um giro de 360° graus quando ela se depara com o espelho e vê com o rosto paralisado.

Aterrorizada e louca por uma solução, a mulher vai imediatamente em busca de uma fisioterapia com a finalidade de recuperar o movimento do seu rosto. Aproveitando a oportunidade e o conselho de uma senhora da clínica, ela resolve fazer sua inscrição para sessões de massagem terapêutica com o doutor Aurélio.

Eis que surge a personagem chave de toda a história: Aurélio.

Há dez anos atrás, ele e sua família sofreram um acidente de carro que vitimou sua filha e sua esposa. Como consequência, ele ficou cego e, por causa dos impactos que o carro sofreu durante as colisões, acabando, pois, sendo incendiado, 50% do seu corpo ficou com as cicatrizes das queimaduras, lembranças daquele dia.
As marcas da perda não ficaram eternizadas somente na pele desse personagem, mas também no coração e na memória e, infelizmente, ele vive sob os domínios de seus próprios demônios.

"Eu não via o Sol, mas conhecia a intensidade da noite em minha alma, a dor que o vazio da solidão me provocava."


Carina é diferente de todas as pessoas que Aurélio conheceu durante esses dez anos de solidão, assim como Aurélio é diferente de todos que Carina conheceu durante toda a vida. Logo nos primeiros contatos eles percebem isso, mas uma sequência de desentendimentos deixam a história mais complexa e envolvente, repleta de pontos a serem resolvidos.

A relação entre os dois se estreita de maneira tão natural que, ao parar para pensar, não existe um ponto em que a proximidade deles alavancou, digo, não ocorreu de modo súbito. Dessa forma, a obra segue uma linearidade nos acontecimentos.

Um ponto forte dentro de tudo isso é que as personagens carregam dentro de si são conflituosas ao extremo e, de certa forma, o leitor entra nesse embate junto com eles. Por vezes eu quis entrar dentro da obra e dar um choque de realidade em Aurélio, dizendo: "Você é muito mais que sua aparência. Reaja!" ou em Carina: "Você é forte e linda. Reconheça-se."

O que menos me agradou na leitura foi a ocorrência de mal entendidos com frequência demais e as personagens não externarem o que eles pensam ou sentem para/pelo outro, isso acarretou uma quantidade enorme de meias verdades, o que tornou a leitura um tanto repetitiva.

De qualquer forma, não foi uma leitura arrastada porque a Diana tem um talento único. A escrita dela simplesmente flui e você se vê lendo 50 ou 70 páginas em muito pouco tempo. E a autora não para por aí. Digo, além de mostrar a verdade nua e crua sobre a dor que o preconceito traz e as dificuldades de aceitação que uma pessoa sofre na sociedade, a autora também critica de forma excepcional os problemas da cidade de Jequié, na Bahia, onde o livro é ambientado.

A diagramação do livro é maravilhosa! As folhas são amareladas e os detalhes no inicio de cada capítulo são bem amáveis. Os capítulos são curtinhos e fáceis e narrados na primeira pessoa, algumas vezes alternando entre os dois protagonistas. Além da escrita que, como já foi falado, é bem simples e fácil.

Definitivamente é aquele tipo de leitura perfeita para uma boa tarde de domingo.
A verdade é que, apesar dos percalços, a mensagem que essa obra transmite é maravilhosa, linda e o livro é inspirador.

"Não há tormenta capaz de ocultar para sempre o Sol."


*OBS: Eu estou completamente viciada na trilha sonora desse livro! Chão de Giz é, sem sombra de dúvida, a música mais tocada da minha playlist nessa semana, aliás, esta resenha foi escrita ao som dessa melodia. Corram para escutar, gente, sério!

*OBS²: Senti falta de Só Pro Meu Prazer do Leoni porque a letra também casa perfeitamente com a trama.

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12 comentários:

  1. Eu adorei fazer a leitura desse livro. Realmente as discussões são bem repetitivas, mas não podemos deixar de lado o fato de que ambos tem seus próprios medos e solidão. Cada um tem seus motivos para tal e achei muito compreensível acontecer tantos mal entendidos... é assim na vida.. quem nunca amou alguém e só descobriu mt tempo depois que era correspondido e deixou aquele amor partir? Ter medo do amor é tão normal quanto respirar e ter medo de amor quando se sobre tanto preconceito e tem tantas limitações torna o medo de amar ainda maior.

    Raíssa Nantes

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  2. Ola
    Li algumas resenhas sobre o livro e a sua foi a que mais gostei.
    Confesso que a sinopse não me atraiu, nem o que eu havia lido sobre o livro.
    Mas o seu texto me agradou e quem sabe uma hora dessas lerei esse livro.
    Bj

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  3. Olá, eu terminei de ler esse livro essa semana, gostei bastante dele mas também achei que houve uma quantidade enorme de mal entendidos, coisas que poderiam ter se resolvido mais rápido se um dos personagens simplesmente falasse o que estava pensando, ainda assim foi uma ótima leitura.

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  4. Muito obrigada pela linda resenha, Mari!
    Abraço,
    Diana Scarpine.

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  5. Oie!
    Eu ainda não li o livro, mas fiquei bem interessada nessa trama. Achei a capa linda!
    Gosto de livros assim, que são bons para uma tarde de domingo, bom para relaxar.
    Adorei essa dica!
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  6. Olá! Ouvi falar recentemente sobre a autora e sobre o livro. E ainda não tinha uma opinião formada sobre ele. Seu texto me ajudou a ter mais elementos. Obrigada

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  7. Eu terminei de ler há poucos dias e amei o livro também, a trama é muito gostosa de acompanhar e adorei ver sua opinião sobre a obra!

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  8. Olá, tudo bem? Não conhecia o livro, nem a autora, mas os pontos levantados, mesmo os negativos me instigaram a lê-lo. Não é uma leitura que faria facilmente, mas darei uma chance (;
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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  9. Olá, recebi o livro da autora esses dias e ainda não comecei a ler, mas realmente a diagramação é linda. Gosto da forma como a autora traz preconceitos na sua história e como transformou isso em um romance, estou louco para começar.

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  10. Oi Mari!
    EU li algumas resenhas sobre esse livro e todas dizem a mesma coisa: que o livro traz uma temática maravilhosa. Dessa forma, mesmo não estando na minha lista de prioridades me vejo lendo e navegando em todas essas turbulências entre os protagonistas,até mesmo pq questões como inclusão e paradigmas sociais me atraem. Beijos!

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  11. Olá!
    O livro chama muito a minha atenção, mas fiquei com um pé atrás por causa desses momentos repetitivos. Você poderia passar a trilha sonora para a gente? Chão de Giz, se for a performada por Zé Ramalho, é simplesmente maravilhosa!
    Beijos.

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  12. Olha, teve algo que você disse na sua resenha que me fez desistir de ler, que há excesso de mal entendidos e que os protagonistas não expressam o que sentem ou pensam um para o outro. Porque foi por esse motivo que odiei profundamente O morro dos ventos uivantes e não pretendo passar por uma experiência parecida de novo.

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