Título: Delirium
Autor: Carlos Patricio
Páginas: 228
Editora: Página 42
Estrelas: 5/5
Autor: Carlos Patricio
Páginas: 228
Editora: Página 42
Estrelas: 5/5
Desordens. Distúrbios. INSÂNIAS!Este é o tema de Delirium.Nesta coletânea de contos o autor preza, sobretudo, pela diversidade e a originalidade. Pois em que outro livro você encontraria realidade virtual, experiência com alucinógenos, assassinos sádicos, debates sobre crenças e religião, um desabafo a la Kafka, e, até mesmo, os infortúnios de uma fofoca? Uma culinária diversificada e bem temperada para todos os paladares.
Olá leitores! Tudo bem com vocês?
Que tal um livro que aborda temas dos mais inusitados os mais escandalosos?
Delirium é uma coletânea que reúne sete contos e um poema, nos levando a histórias totalmente diversificadas e únicas. Pretendo comentar um pouco de cada, de modo objetivo e claro.
O primeiro
conto se chama “Doutor Sádico”, que me fez lembrar o motivo para minha falta de
entusiasmo por livros de terror. É um conto bastante ousado, pois explora as
condições de uma mente doentia e perversa.
A história se inicia com Klose tentando disfarçar os últimos
acontecimentos que envolvem não somente sequestros de crianças, mas como de
adultos também, para sua filhinha Elizabeth não temer o início das aulas. Após
ele deixar Elizabeth na escola, vai à um bar, onde pode afundar suas
preocupações em relação ao emprego perdido. Lá ele conhece Hans Mozart, um
homem cuja a aparência e o comportamento sugerem civilidade, mas foi assim que
entendi o verdadeiro significado da frase “as aparências enganam”. Hans Mozart
é na verdade conhecido como Doutor Sádico, um monstro que não conhece limites
na hora de brincar com suas vitimas.
“Pedofilia, assassinato, torturas sangrentas, estupros, canibalismo, necrofilia, zoofilia, coprofagia, e entre outras práticas absolutamente asquerosas...”.
“ Para descrever o interior daquela casa, palavras não passam de vento. [...] Corpos mutilados, instrumentos de tortura e toneladas de podridão compunham um indesejado panorama aos olhos do sensível cristão.”
Doutor Sádico
usa fraseologia de vários filósofos para explicar o fato de ter aceitado a
própria condição “humana”, como o Conde de Lautréamont, Marquês de Sade,
Stephen King, Hitler, Nietzsche, e etc. A história se desenrola de modo
imprevisível, e com um fim inédito. Tudo que eu mais queria durante a leitura
era terminá-la, pois o que realmente me afligia era saber que o comparsa do
Sádico estava indo buscar a filhinha do Klose na escola.
O segundo
conto é bem mais tranquilo, comparado ao primeiro, apesar de também ter um
desfecho impressionante. “Truco” nos apresenta a uma noite de jogos entre
amigos próximos, mas que termina com tragédia nos levando a literatura
fantástica e a um mistério envolvente.
Em “Agoniado”
conhecemos Julio, um sujeito de vinte e oito anos, solteiro e que vive no
centro da agitada São Paulo. Um cara aparentemente comum, mas que sofre de uma
terrível ansiedade, beirando a loucura. O quarto conto se chama “Telefone Sem
Fio” que conseguiu me deixar apreensiva e apavorada com o poder de uma fofoca
avassaladora.
“A Questão de
Todas as Questões” está entre os meus favoritos que abordou um dos assuntos
mais comentados e polêmicos que existe até hoje, religião vs. ciência. O autor
nos leva a conhecer o brilhante cirurgião oncológico Daniel, e sua prima
(considerada uma irmã) Karen, que acaba de descobrir que possui um tumor no
estômago.
Com o futuro
incerto da prima, Daniel acaba refletindo mais profundamente sobre Deus, o
universo, vida e morte. O médico passou a vida inteira, até este momento, em
busca de respostas e uma religião que pudesse acreditar e seguir seus
ensinamentos, submetendo-se até mesmo ao budismo por considerar mais uma
filosofia de vida do que uma religião (só para abandonar essa “filosofia” logo após
descobrir as origens da imagem do famoso Buda).
“Teísmo ou ateísmo? Crença ou descrença? Plano ou acaso? Quanto mais ele pensava, mais confuso ficava.”
Daniel chegou
a debater sobre Deus com uma cristã convicta, Camilla. O debate entre eles foi
um dos melhores diálogos que já tive a chance de ler. Eles conversam, no imite
do possível, sobre as possibilidades de um mundo “livre” da religião, sobre as
guerras santas serem a causa de milhares de mortes, mas também sobre a ética e
a moral estabelecida há muito tempo pelos antigos.
“Estas tuas sugestões não me atingem, doutor! –Camilla manteve a compostura. –Dizer coisas como “é incrível alguém acreditar numa cobra falante!” a mim não representam nada, pois, se assim está escrito na Bíblia, assim acredito que foi. [...]”
Não posso deixar
de concordar com Estevan Lutz, autor de “O voo de Icarus”, que escreveu o
prefácio do livro Delirium, quando ele enfatiza que o conto chegou a “um
desfecho que oferece ao leitor a liberdade para tirar suas próprias
conclusões”.
“O Outro
Mundo de Henrique” somos impelidos, pela imaginação do personagem Henrique, a
um mundo totalmente fantasioso, para onde ele foge de sua entediante realidade.
Nesta terra dos sonhos, Henrique pode ser qualquer coisa ou está em qualquer
lugar que desejar, escolheu para aquele dia ser um guerreiro.
“É ruindade desejarQue sozinho eu não vá?Sinceramente, não sei...”
“Lindos
Sonhos Dourados” reforçou completamente a ideia de que drogas são o verdadeiro
desastre na vida de uma pessoa. Conhecemos Guliver neste conto, um mauricinho
que sempre viveu submisso ao pai, tendo que aturar suas injustiças,
principalmente o que diz respeito aos negócios da família, encontrando uma
espécie de conforto na música e ao sair de casa, sem rumo.
“-Escute meu conselho, truta, nunca entre nessa onda, ouviu? Nunca! Não seja burro de experimentar, como eu fui. [...]”
Delerium é um
livro totalmente diferente de qualquer outro que eu já tenha lido, alguns dos
seus contos são obscuros e insanos, nos convidando a mergulhar em mundos
delirantes. Carlos Patricio ofereceu em seu livro uma proposta que mescla o
real com o imaginário, fazendo seus leitores se desprenderem da realidade. É a
primeira obra publicada do autor, e fico bastante orgulhosa de saber que o
Carlos Patricio é um escritor nacional (um dos meus poucos favoritos).
A escrita
usada no livro é fantástica e muito convidativa. Gostei também das frases de
grandes pensadores que ele incluiu nos contos. Em relação a capa, vou ser
sincera com vocês, não conseguiu me cativar nem um pouco, mas vou contar um
segredo: as ilustrações internas são impressionantes! Muito lindas, juro. Foram
feitas pelo Cassio Gois, e fiquei super tentada a colori-las. Elas estão entre
as passagens de um conto para outro, essas artes estão em uma completa harmonia
com o tema de cada história.
Recomento
muito esse livro para os leitores que adoram contos, porém sugiro que estejam
preparados para esses mundos diversificados e dilacerantes que irão encontrar
nestas páginas.
Adoro livros de contos e poemas, e esse parece ter uma diagramação bem bonita.
ResponderExcluirConfesso que terror também não me atrai muito, mas quando a leitura me faz ter sensações diferentes, sempre tomo como algo positivo.
E por você ter falado sobre os desfechos, me deixou com curiosidade para ler e saber o que cada um absorveu daquilo. Adoro quando rola esses bate-papos.
ótima resenha. Beijo!
Obrigada Tatty!!
ExcluirBeijos!!
Gente, que agonia o conto do sádico... Fiquei nervosa só de ler na resenha. Ui...
ResponderExcluirPoxa, muito interessante esse livro, cada conto parece querer tocar o leitor profundamente com alguma temática complexa. Aquele das drogas, mesmo você falando pouquinho, parece perfeito para funcionar como um conto instrutivo.
Hey Mari! Verdade, esse conto (das drogas) funciona sim como um conto instrutivo, que carrega uma moral bem bacana. E o do sádico realmente é de agoniar o leitor.
ExcluirOlá! Ultimamente tenho me rendido aos contos. Esse livro tem contos bem interessantes, mas o primeiro, não sei se leria... é uma leitura bem forte! Mas, os resto dos poemas leria sim. Beijos!
ResponderExcluirOlá Suzana!
ExcluirFico feliz que você goste de contos, garanto que os desse livro são para todos os gostos! Beijos!
Olá Marcela,
ResponderExcluirEsse livro é bem diferente, hein? Confesso que, num primeiro momento, não fiquei interessada na leitura do livro, mas depois fui me convencendo a ler. Gostei muito de saber que a escrita é fantástica e achei a premissa interessante.
Dica anotada.
Beijos
Hey Bruna!
ExcluirFico muito feliz que tenha anotado minha recomendação! Espero que goste do livro tanto quanto eu!
Beijos!!
Oi!
ResponderExcluirNossa que livro diferentão, kkkkk. Achei a capa incrível, e quando li a sinopse e sua resenha vi que o tema é algo tão inusitado que fica difícil não querer ler.
Bjs!
Diferentão mesmo kkk
ExcluirBeijos Nina!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Marcela, que capa horripilante!!! Eu já nem pegaria neste livro pela capa que é assustadora, para quem gosta beleza. Detesto terror com toda força d’alma. Tem alguns contos que pelo que você compartilhou não parecem tão aterrorizantes, mas prefiro não arriscar. Hahahaha Sou medrosa assumidíssima, mas com certeza, o autor terá muitos leitores.
ResponderExcluirBjo
Tânia Bueno
Também não curto muito terror, Tania, mas consegui reunir coragem para ler o primeiro conto kkk
ExcluirMas garanto que os outros são mais tranquilos!
Beijos!!
Oi marcela, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirOMG!!! Estou com medo dessa capa, risos... E você me deixou muito angustiada com o Doutor Sádico, adoro crianças, não quero nem pensar no que ele vai fazer com a filhinha do Klose. E o que ele fez com o próprio Klose? Isso acaba com meu coração!!! De todos, o que chamou minha atenção, realmente foi A Questão de Todas as Questões”. Adoro debater sobre assuntos e da forma como contou, esses diálogos entre eles devem ser incríveis e nos fazer refletir. Não tenho costume de ler livros de contos, mas mesmo com medo, esse parece ter um diferencial em relação aos outros. Dica mais do que anotada. Sua resenha ficou ótima!!!
beijinhos.
cila.
Hey Cila, tudo ótimo!!
ExcluirMuito obrigada, fico feliz que tenha gostado da resenha! E sim, os diálogos foram realmente incríveis, principalmente nos debates! E sobre o Sádico... Quero nem lembrar o quanto fiquei agoniada com a história (mas amei o final, o autor me surpreendeu).
Dica anotada? Obrigada! Você fez uma resenhista muito feliz! Haha...
Beijos!!!
Olá...
ResponderExcluirAdoro contos e gostei muito da seleção que você apresentou aqui. Não conhecia essa obra e já fiquei curiosa.
O tema é bem interessante. Já anotei a dica!
Abraços